O Tempo deforma.
O Tempo imprime sua força sem questionar.
Não vá contra ele, despedaçar-se-á.
Queria escrever algo sobre o Tempo. Sobre a falta dele, na verdade. Na verdade já não sei bem.
Talvez sobre o quanto ele seja rápido (ou foi) e lento (ou ainda é) ou o quanto me maltrata. O quanto me lapida sem que o peça (mas é preciso); testa-me igualmente sem permissão, faz-me meditar, querer saber por quanto tempo ainda o terei, e por quanto tempo não o terei.
O Tempo vigia-me e também não se lembra da minha existência; muitas vezes fico abandonado, solitário... passando o Tempo. Discutindo com o vazio contido nas horas que se arrastam e afrontando os minutos ligeiros e displicentes.
Tempo perdido, inimigo, infinito, onde encontro seu início?
Afundo-me em sua imensidão trevosa e tão somente observo. Ou sou observado? Agora já não sei, não entendo este Espaço, esse Tempo ou o espaço-tempo. Quero o curvo, girado e distorcido, limitado, encaixado, explicado, desordenado e, depois tudo como era antes.
Gostaria talvez, de ter o Tempo da forma que penso percebê-lo e não da forma que realmente o percebo. Realmente? Não sei mais o que é real. Ainda insisto numa mesma questão, colido no mesmo ponto
vazio do Tempo. Cada porção do meu ser vaga num rumo infecundo. O Tempo, por todo o tempo é maléfico, em tempo, benéfico; o Tempo em todo tempo é intransigente.
Queria escrever algo sobre o Tempo. Ele merece mais atenção. Ele passou. Está tão longe agora.
Queria muito, contudo, estou sem Tempo.
O Paciente apresentou quadro de delírio em
14.6.06
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